CONEXÕES ACADÊMICAS
Temas emergentes na visão dos Profissionais da Contabilidade
Conteúdo:
Data: 22/fevereiro/2024
Horário: 16h as 17h30
Local: Ao Vivo no Youtube
Palestrantes:
Ahmad Abu Islaim
Contador formado pela Universidade de São Paulo, com mais de 15 de anos de experiência em grupos multinacionais de grande porte de diversos segmentos, tais como empresas de auditoria externa (Big four), indústria e varejo (KPMG, Grupo Unigel, Grupo Carrefour, CVC e Klabin).
Ricardo Tresso Marcolino
Foi gerente de auditoria independente pela KPMG e possui experiências em empresas de grande porte como Gerente executivo da Controladoria. Também é membro de conselho fiscal. Possu9i a graduação em Administração e em Ciências Contábeis, ambos pela FECAP-Fundação Álvares Penteado.
Moderação: Acadêmico da APC Flávio Riberi
No dia 23 de maio, a Academia Paulista de Contabilidade-APC, em ação conjunta com o Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo-CRCSP, promoveu a palestra “O impacto na Contabilidade com as normas de divulgações financeiras relacionadas à sustentabilidade”. A atividade foi moderada pelo Acadêmico da APC, Edison Arisa Pereira - presidente da Fundação de Apoio aos Comitês de Pronunciamentos Contábeis e de Sustentabilidade-, e contou com a participação dos palestrantes Denys Pacheco Roman e Joyce Fernandes, tendo como convidado especial o presidente da Academia, Alexandre Sanches Garcia.
Ao abrir os trabalhos, Alexandre Garcia relembrou que as Normas Brasileiras de Contabilidade ligadas à sustentabilidade estão em audiência pública no Conselho Federal de Contabilidade-CFC, portanto “é um prazer debater um assunto tão importante para a classe contábil, nesse momento.”.
A atividade online, que contou com a participação de mais de 550 pessoas simultaneamente, foi dividida em três partes: a primeira delas tratou das Normas de Divulgação IFRS-S1 e IFRS-S2 (CBPS 01 e CBPS 02); em seguida, a evolução histórica dos relatórios de sustentabilidade e os impactos na Contabilidade; e, por fim, as competências exigidas para os profissionais da Contabilidade executarem as normas de sustentabilidade.
Primeiro tema: IFRS 1 e 2:
Segundo o palestrante Denys Pacheco Roman, que é administrador, mestre em Sustentabilidade com experiência por mais de 15 anos em consultoria em Relações com Investidores e Governança Corporativa, as IFRS-S1 e IFRS-S2 devem ser aplicadas na divulgação externa e seguidas conforme as orientações dos Documentos para Preparação e Submissão de Demonstrativos Financeiros à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). “É essencial garantir a transparência e a conformidade das informações financeiras, proporcionando aos usuários a confiança necessária na análise e tomada de decisões baseadas nos demonstrativos contábeis”, alertou.
Na sequência, Denis ressaltou que a norma IFRS S1 requer que as empresas comuniquem informações relevantes sobre todos os riscos e oportunidades associados à sustentabilidade. Já a norma IFRS S2 define os critérios para a divulgação de informações relacionadas ao clima. “Assim, a divulgação dessas informações requer uma abordagem cuidadosa e sistemática por parte das empresas, garantindo transparência e prestação de contas a todos os stakeholders”.
“É fundamental que as organizações estejam atentas aos requisitos estabelecidos pelas normas IFRS S1 e S2 para garantir uma comunicação eficaz e precisa sobre questões de sustentabilidade e mudanças climáticas. A conformidade com essas normas não só fortalece a governança corporativa, mas também promove a confiança do mercado e contribui para a construção de um ambiente de negócios mais sustentável e responsável”, reforçou Joyce Fernandes, administradora, com mais de 20 anos de experiência em consultorias, auditorias e treinamentos de Sustentabilidade Corporativa e ESG.
Segundo tema: evolução dos relatórios de sustentabilidade
Ao falar sobre a evolução histórica dos relatórios de sustentabilidade e os impactos na Contabilidade, Denys explicou que esses relatórios remontam à década de 1990, mais precisamente em 1997, quando as empresas passaram a perceber a importância de relatar não apenas seus resultados financeiros, mas também seu desempenho socioambiental. Com o passar dos anos, os relatórios de sustentabilidade se tornaram ferramentas essenciais para a transparência e prestação de contas das organizações, refletindo diretamente na forma como a Contabilidade é praticada e entendida. “Além disso, a crescente demanda por informações não financeiras tem impulsionado a evolução dos padrões contábeis e a integração de aspectos sustentáveis na tomada de decisões empresariais”, explicou o especialista.
Terceiro tema: competências exigidas aos profissionais da Contabilidade
As competências exigidas para os profissionais da Contabilidade executarem as normas de sustentabilidade implicam em várias habilidades, entre elas, segundo os palestrantes: “Um profundo conhecimento das práticas contábeis sustentáveis”. Ademais, merece destaque a capacidade analítica aguçada para interpretar e relatar dados financeiros relacionados à sustentabilidade, maestria para se manter atualizado sobre as regulamentações ambientais em constante evolução, e aptidão para comunicar efetivamente informações relacionadas à sustentabilidade para partes interessadas internas e externas.
Além disso, é fundamental que os profissionais contábeis desenvolvam uma consciência ética sólida e demonstrem compromisso com a integridade e transparência na divulgação de informações de sustentabilidade. “A capacidade de trabalhar em equipe, adaptar-se a mudanças e buscar continuamente oportunidades para melhorar processos também são habilidades valorizadas nesse contexto”, acrescentou o presidente da Academia Paulista de Contabilidade, Alexandre Sanches Garcia.
Relação Contabilidade X Sustentabilidade
Em um dado momento da palestra, Alexandre Garcia questionou: “Por que a Contabilidade está envolvida em assuntos da sustentabilidade?”. E, respondendo ao seu próprio questionamento, o presidente da APC citou uma publicação de 2004, da Organização das Nações Unidas-ONU, denominada “O Pacto Global e o desenvolvimento sustentável” que tocou as empresas de forma unânime, inclusive as brasileiras, em especial as instituições financeiras. Na época, o Banco do Brasil esteve presente. E então Alexandre mostrou uma figura, presente na página 5 do documento, que diz o seguinte: “Os melhores mercados para se investir são as sociedades mais sustentáveis”.
“Nesse documento da ONU, pela primeira vez, há 20 anos, foi mencionada a sigla ESG. O material atribui aos contadores a responsabilidade de promover a padronização de normas de governança ambiental, social e corporativa”, reforçou Garcia.
Isso porque são mercados que buscam o retorno financeiro e também impactos positivos na sociedade e no meio ambiente. Além disso, investir em empresas sustentáveis pode trazer uma maior segurança e estabilidade no longo prazo, já que essas organizações tendem a se adaptar melhor às mudanças de mercado e regulatórias. Dessa forma, ao considerar investir em mercados financeiros, é fundamental avaliar o potencial de lucro, mas também o compromisso das empresas com a sustentabilidade e responsabilidade social.
A palestrante Joyce Fernandes destacou que o grande desafio agora é avançar. Mas, como o contador vai fazer essa abordagem financeira de sustentabilidade e de mudanças climáticas? Há alguma fórmula? Onde colocar essas informações no balanço patrimonial e Demonstração de Resultado de Exercício-DRE?
Nesse contexto ela explicou que, o objetivo do relato do IFRS S1 e S2 deve ser demonstrado e indagou: como os impactos, riscos e oportunidades de sustentabilidade e clima afetam o modelo de negócio e o capital financeiro? Quais linhas do balanço contábil têm impacto e quais os futuros impactos nos fluxos de caixa; e os impactos nas atividades e operações.
“Do ponto de vista do investidor, os riscos sociais e ambientais trazem diversas implicações financeiras para as empresas, e podem ser: diretos, por danos em ativos; indiretos, com impactos na cadeia de suprimentos ou causando alterações na disponibilidade, no abastecimento e na qualidade da água e de outros recursos. Portanto, é crucial que as empresas estejam preparadas para lidar com tais consequências, estruturando planos de contingência eficazes e investindo em medidas preventivas, pontuou Joyce Fernandes.
Em suma, a avaliação constante dos riscos existentes e emergentes é fundamental para a tomada de decisões assertivas e a manutenção da resiliência organizacional em face de desafios cada vez mais complexos e variados. “A capacidade de antecipar e gerenciar esses riscos é essencial para garantir a sustentabilidade e o sucesso no longo prazo de qualquer negócio, independentemente de seu porte ou setor de atuação”, concluíram os palestrantes.
O conteúdo exposto e debatido nesta live encontra-se à disposição dos profissionais da Contabilidade no Canal do CRCSP, no YouTube.
Texto: Danielle Ruas
Edição: Lenilde Plá de León
De León Comunicações