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APC e CRCSP tratam da importância da Contabilidade frente aos desafios climáticos

No dia 23 de maio, a Academia Paulista de Contabilidade-APC, em ação conjunta com o Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo-CRCSP, promoveu a palestra “O impacto na Contabilidade com as normas de divulgações financeiras relacionadas à sustentabilidade”. A atividade foi moderada pelo Acadêmico da APC, Edison Arisa Pereira - presidente da Fundação de Apoio aos Comitês de Pronunciamentos Contábeis e de Sustentabilidade-, e contou com a participação dos palestrantes Denys Pacheco Roman e Joyce Fernandes, tendo como convidado especial o presidente da Academia, Alexandre Sanches Garcia.

 Ao abrir os trabalhos, Alexandre Garcia relembrou que as Normas Brasileiras de Contabilidade ligadas à sustentabilidade estão em audiência pública no Conselho Federal de Contabilidade-CFC, portanto “é um prazer debater um assunto tão importante para a classe contábil, nesse momento.”.

A atividade online, que contou com a participação de mais de 550 pessoas simultaneamente, foi dividida em três partes: a primeira delas tratou das Normas de Divulgação IFRS-S1 e IFRS-S2 (CBPS 01 e CBPS 02); em seguida, a evolução histórica dos relatórios de sustentabilidade e os impactos na Contabilidade; e, por fim, as competências exigidas para os profissionais da Contabilidade executarem as normas de sustentabilidade.

Primeiro tema: IFRS 1 e 2:

Segundo o palestrante Denys Pacheco Roman, que é administrador, mestre em Sustentabilidade com experiência por mais de 15 anos em consultoria em Relações com Investidores e Governança Corporativa, as IFRS-S1 e IFRS-S2 devem ser aplicadas na divulgação externa e seguidas conforme as orientações dos Documentos para Preparação e Submissão de Demonstrativos Financeiros à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). “É essencial garantir a transparência e a conformidade das informações financeiras, proporcionando aos usuários a confiança necessária na análise e tomada de decisões baseadas nos demonstrativos contábeis”, alertou.

Na sequência, Denis ressaltou que a norma IFRS S1 requer que as empresas comuniquem informações relevantes sobre todos os riscos e oportunidades associados à sustentabilidade. Já a norma IFRS S2 define os critérios para a divulgação de informações relacionadas ao clima. “Assim, a divulgação dessas informações requer uma abordagem cuidadosa e sistemática por parte das empresas, garantindo transparência e prestação de contas a todos os stakeholders”.

“É fundamental que as organizações estejam atentas aos requisitos estabelecidos pelas normas IFRS S1 e S2 para garantir uma comunicação eficaz e precisa sobre questões de sustentabilidade e mudanças climáticas. A conformidade com essas normas não só fortalece a governança corporativa, mas também promove a confiança do mercado e contribui para a construção de um ambiente de negócios mais sustentável e responsável”, reforçou Joyce Fernandes, administradora, com mais de 20 anos de experiência em consultorias, auditorias e treinamentos de Sustentabilidade Corporativa e ESG.

Segundo tema: evolução dos relatórios de sustentabilidade

Ao falar sobre a evolução histórica dos relatórios de sustentabilidade e os impactos na Contabilidade, Denys explicou que esses relatórios remontam à década de 1990, mais precisamente em 1997, quando as empresas passaram a perceber a importância de relatar não apenas seus resultados financeiros, mas também seu desempenho socioambiental. Com o passar dos anos, os relatórios de sustentabilidade se tornaram ferramentas essenciais para a transparência e prestação de contas das organizações, refletindo diretamente na forma como a Contabilidade é praticada e entendida. “Além disso, a crescente demanda por informações não financeiras tem impulsionado a evolução dos padrões contábeis e a integração de aspectos sustentáveis na tomada de decisões empresariais”, explicou o especialista.

Terceiro tema: competências exigidas aos profissionais da Contabilidade

As competências exigidas para os profissionais da Contabilidade executarem as normas de sustentabilidade implicam em várias habilidades, entre elas, segundo os palestrantes: “Um profundo conhecimento das práticas contábeis sustentáveis”. Ademais, merece destaque a capacidade analítica aguçada para interpretar e relatar dados financeiros relacionados à sustentabilidade, maestria para se manter atualizado sobre as regulamentações ambientais em constante evolução, e aptidão para comunicar efetivamente informações relacionadas à sustentabilidade para partes interessadas internas e externas.

Além disso, é fundamental que os profissionais contábeis desenvolvam uma consciência ética sólida e demonstrem compromisso com a integridade e transparência na divulgação de informações de sustentabilidade. “A capacidade de trabalhar em equipe, adaptar-se a mudanças e buscar continuamente oportunidades para melhorar processos também são habilidades valorizadas nesse contexto”, acrescentou o presidente da Academia Paulista de Contabilidade, Alexandre Sanches Garcia.

Relação Contabilidade X Sustentabilidade

Em um dado momento da palestra, Alexandre Garcia questionou: “Por que a Contabilidade está envolvida em assuntos da sustentabilidade?”. E, respondendo ao seu próprio questionamento, o presidente da APC citou uma publicação de 2004, da Organização das Nações Unidas-ONU, denominada “O Pacto Global e o desenvolvimento sustentável” que tocou as empresas de forma unânime, inclusive as brasileiras, em especial as instituições financeiras. Na época, o Banco do Brasil esteve presente. E então Alexandre mostrou uma figura, presente na página 5 do documento, que diz o seguinte: “Os melhores mercados para se investir são as sociedades mais sustentáveis”.

“Nesse documento da ONU, pela primeira vez, há 20 anos, foi mencionada a sigla ESG. O material atribui aos contadores a responsabilidade de promover a padronização de normas de governança ambiental, social e corporativa”, reforçou Garcia.

Isso porque são mercados que buscam o retorno financeiro e também impactos positivos na sociedade e no meio ambiente. Além disso, investir em empresas sustentáveis pode trazer uma maior segurança e estabilidade no longo prazo, já que essas organizações tendem a se adaptar melhor às mudanças de mercado e regulatórias. Dessa forma, ao considerar investir em mercados financeiros, é fundamental avaliar o potencial de lucro, mas também o compromisso das empresas com a sustentabilidade e responsabilidade social.

A palestrante Joyce Fernandes destacou que o grande desafio agora é avançar. Mas, como o contador vai fazer essa abordagem financeira de sustentabilidade e de mudanças climáticas? Há alguma fórmula? Onde colocar essas informações no balanço patrimonial e Demonstração de Resultado de Exercício-DRE?

Nesse contexto ela explicou que, o objetivo do relato do IFRS S1 e S2 deve ser demonstrado e indagou: como os impactos, riscos e oportunidades de sustentabilidade e clima afetam o modelo de negócio e o capital financeiro? Quais linhas do balanço contábil têm impacto e quais os futuros impactos nos fluxos de caixa; e os impactos nas atividades e operações.

“Do ponto de vista do investidor, os riscos sociais e ambientais trazem diversas implicações financeiras para as empresas, e podem ser: diretos, por danos em ativos; indiretos, com impactos na cadeia de suprimentos ou causando alterações na disponibilidade, no abastecimento e na qualidade da água e de outros recursos. Portanto, é crucial que as empresas estejam preparadas para lidar com tais consequências, estruturando planos de contingência eficazes e investindo em medidas preventivas, pontuou Joyce Fernandes.

 Em suma, a avaliação constante dos riscos existentes e emergentes é fundamental para a tomada de decisões assertivas e a manutenção da resiliência organizacional em face de desafios cada vez mais complexos e variados. “A capacidade de antecipar e gerenciar esses riscos é essencial para garantir a sustentabilidade e o sucesso no longo prazo de qualquer negócio, independentemente de seu porte ou setor de atuação”, concluíram os palestrantes.

O conteúdo exposto e debatido nesta live encontra-se à disposição dos profissionais da Contabilidade no Canal do CRCSP, no YouTube.

Texto: Danielle Ruas

Edição: Lenilde Plá de León

De León Comunicações