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"Novas Fronteiras para a Contabilidade" apresentadas e discutidas pela APC e CRCSP

 Em ação conjunta, a Academia Paulista de Contabilidade-APC e o Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo-CRCSP ofereceram orientações gratuitas, ao vivo, a mais de 800 profissionais contábeis sobre como registrar e reportar adequadamente as informações, conforme exigido pela CTG 10, na atividade "Novas Fronteiras para a Contabilidade: As Normas de Sustentabilidade e Créditos de Carbono, que aconteceu neste dia 27 de março, no canal do CRCSP no YouTube.

A palestra teve como expositores o presidente da APC, Alexandre Sanches Garcia, pró-reitor de pós-graduação da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado-FECAP; o Acadêmico Flávio Riberi, professor dos cursos de graduação e pós-graduação da Fipecafi; e Sebastian Yoshizato Soares, presidente da diretoria nacional do Instituto de Auditoria Independente  do Brasil-Ibracon, que também é sócio-líder de ESG e Governança Corporativa da KPMG Brasil, com a moderação de Ana Luiza Picão, conselheira do CRCSP.  

O grupo de especialistas compartilhou informações importantes sobre as melhores práticas contábeis relativas às normas de sustentabilidade e à contabilização de créditos de carbono. Ao iniciar a live,  Alexandre Garcia, presidente da Academia, expôs a  seguinte frase, extraída do livro "Reinventando o Capitalismo num mundo em chamas", de autoria de Rebecca Henderson, professora de Harvard, para efeito de reflexão: "Sim, o planeta foi destruído, mas durante um lindo período de tempo criamos muito valor para os acionistas”. 

A atividade se fundamentou na norma CTG 10, que regula os créditos de carbono, publicada pelo Conselho Federal de Contabilidade-CFC em 16 de dezembro de 2024, sendo um primeiro passo para sistematizar o tema na Contabilidade. Baseado na Orientação Técnica OCPC 10, o CTG 10 trata de assuntos como o alcance, agentes econômicos, modelos de negócios, o mercado de créditos de carbono, bases normativas, créditos de carbono (tCO2e), permissões de emissão (allowances), créditos de descarbonização (CBIO) e passivos relacionados a compromissos de compensação ou neutralização de emissões de gases de efeito estufa.

Histórico

O presidente da APC e professor Alexandre Sanches Garcia traçou um histórico de como os relatórios de Contabilidade passaram para as mãos da Contabilidade, e hoje desempenham um papel crucial na transparência e na prestação de contas, permitindo que as organizações comuniquem seu impacto social e ambiental de maneira clara e acessível. "A Contabilidade de sustentabilidade se concentra em medir e relatar desempenho em termos financeiros e também em aspectos sociais e ambientais, ajudando a demonstrar o compromisso de uma empresa com práticas responsáveis", disse ele.

Além disso, a elaboração de relatórios de sustentabilidade pode auxiliar na identificação de riscos e oportunidades que podem não ser evidentes em relatórios financeiros tradicionais. Ao incluir métricas relacionadas ao consumo de recursos, emissões de carbono e impactos sociais, as empresas têm a capacidade de adaptar suas estratégias para se alinhar com as expectativas da sociedade e regulamentações governamentais crescentes.

Por que o assunto é importante?

Na sequência, o Acadêmico e professor Flávio Riberi falou que discutir o assunto é de suma importância, porque há uma grande preocupação, porque lidam diretamente com problemas da humanidade. As empresas que adotam práticas de Contabilidade de sustentabilidade frequentemente conseguem construir uma vantagem competitiva, atraindo investidores e consumidores que valorizam a responsabilidade socioambiental. 

A comunicação clara dos resultados permite um diálogo aberto com stakeholders, facilitando a construção de confiança e a fidelização do cliente. "Além disso, a integração de critérios de sustentabilidade nas decisões empresariais pode levar à inovação de produtos e serviços, promovendo a eficiência operacional e a redução de custos em longo prazo. Isso é especialmente relevante em um cenário onde os consumidores estão cada vez mais conscientes de suas escolhas e preferem marcas que demonstram um compromisso genuíno com a sustentabilidade", enfatizou Riberi.

No parecer do especialista, a normatização e a padronização de relatórios de sustentabilidade estão ganhando força, com iniciativas globais como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas e os princípios do Pacto Global. Por meio da adoção dessas diretrizes, as empresas alinham suas operações às expectativas globais, e também se posicionam como líderes em práticas de negócios sustentáveis. “A busca pela sustentabilidade não deve ser vista apenas como uma obrigação, mas sim como uma oportunidade estratégica para moldar o futuro dos negócios”, sentenciou Flávio Riberi.

CBPS 01 - Requisitos Gerais para Divulgação de Informações Financeiras Relacionas à Sustentabilidade

Na ocasião, Flávio Riberi falou dos objetivos do CBPS 01 - Requisitos Gerais para Divulgação de Informações Financeiras Relacionas à Sustentabilidade. Em suma, o principal, em suas palavras, é "garantir que as entidades divulguem informações relevantes e consistentes sobre suas práticas de sustentabilidade, permitindo assim que os investidores, consumidores e demais partes interessadas possam tomar decisões mais informadas". 

Essas diretrizes abordam a importância da transparência e da responsabilidade na comunicação dos impactos sociais, ambientais e econômicos das atividades das organizações. Além disso, buscam padronizar a forma como as informações são apresentadas, facilitando a comparação entre diferentes entidades e setores. As entidades devem considerar aspectos como a gestão de riscos relacionados à sustentabilidade, a conformidade com legislações ambientais e sociais, e as iniciativas de engajamento com as partes interessadas.

A divulgação não deve se limitar apenas a números financeiros, mas deve incluir narrativas e descrições que contextualizem as práticas adotadas e seus resultados, promovendo uma compreensão mais ampla sobre o compromisso da organização com a sustentabilidade.

Outro ponto importante é a necessidade de relatórios periódicos que apresentem dados de forma estática, mas que mostrem a evolução das práticas e o progresso em relação às metas e objetivos estabelecidos. "Isso incentiva um ciclo de melhoria contínua e permite que as partes interessadas acompanhem a trajetória da organização ao longo do tempo", afirmou Flávio.

 Além disso, a integração das informações financeiras e de sustentabilidade deve ser considerada um princípio fundamental. As decisões que afetam a capacidade de gerar valor em longo prazo estão interligadas, e, portanto, devem ser tratadas de maneira sinérgica. Isso enriquece a análise financeira e demonstra um compromisso genuíno com a criação de valor sustentável.  

Por sua vez, Sebastian Yoshizato Soares frisou que a adoção de requisitos gerais de divulgação sobre informações financeiras relacionadas à sustentabilidade é um passo significativo para promover uma cultura de responsabilidade e transparência que beneficie todos os envolvidos, desde as empresas até os cidadãos.

Os obstáculos

Por outro lado, os desafios referentes à implementação da norma CTG 10 são variados e complexos. Primeiramente, o palestrante enfatizou a cultura da educação profissional continuada para se ter uma compreensão clara e abrangente dos conceitos envolvidos, como a distinção entre créditos de carbono, permissões de emissão e créditos de descarbonização. Outro desafio relevante é a padronização dos métodos de mensuração e contabilização dos créditos. “Ademais, diante da diversidade de mercados e das variáveis que afetam a precificação desses ativos, as empresas podem encontrar dificuldades para estabelecer práticas consistentes que assegurem a comparabilidade das informações financeiras. Essa situação é desafiadora e pode levar a incertezas e riscos de não conformidade regulatória, o que demanda uma abordagem meticulosa e bem-informada para navegar nesse ecossistema em constante mudança”, alertou Sebastian Yoshizato.

A palestra, na íntegra, está acessível na página do CRCSP no YouTube, no link: CRCSP e APC apresentam: Novas Fronteiras para a Contabilidade.

Cobertura do evento: Danielle Ruas

Edição: Lenilde Plá de León

De León Comunicações

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