CONEXÕES ACADÊMICAS
Temas emergentes na visão dos Profissionais da Contabilidade
Conteúdo:
Data: 22/fevereiro/2024
Horário: 16h as 17h30
Local: Ao Vivo no Youtube
Palestrantes:
Ahmad Abu Islaim
Contador formado pela Universidade de São Paulo, com mais de 15 de anos de experiência em grupos multinacionais de grande porte de diversos segmentos, tais como empresas de auditoria externa (Big four), indústria e varejo (KPMG, Grupo Unigel, Grupo Carrefour, CVC e Klabin).
Ricardo Tresso Marcolino
Foi gerente de auditoria independente pela KPMG e possui experiências em empresas de grande porte como Gerente executivo da Controladoria. Também é membro de conselho fiscal. Possu9i a graduação em Administração e em Ciências Contábeis, ambos pela FECAP-Fundação Álvares Penteado.
Moderação: Acadêmico da APC Flávio Riberi
* Por Charles Holland - Contador, empresário, conselheiro independente de empresas, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (ANEFAC) e acadêmico da Academia Paulista de Contabilidade - APC
O governo federal, controlador e centralizador, apoiado pelo legislativo e influenciado por sindicatos trabalhistas conseguiram afugentar empresários, investimentos produtivos, negócios, geração de riquezas e empregos formais. Isso explica o quadro desanimador de empregos conforme dados oficiais divulgados pelo IBGE.
Há somente 20 milhões de pessoas empregadas no mercado formal do setor privado com encargos trabalhistas plenos, e 14,7 milhões que estão empregados no regime simples, com carga tributária reduzida. O mercado informal é de 39,5 milhões. O total de ocupados no formal e informal é de 91,5 milhões. É pouco em relação a população atual do Brasil de 208,7 milhões de pessoas.
Há décadas o agronegócio tem encargos trabalhistas e fiscais baixos, produtividade e rentabilidade alta, gerando milhões de empregos nos setores de serviços, transportes, construção e no industrial.
Por outro lado, o setor industrial e de serviços, há décadas tem encargos altos, sendo ambas a produtividade e a rentabilidade baixas. Com isso, o Brasil está andando para trás e perdendo importância no cenário mundial.
O objetivo aqui é fazer um alerta, apresentando propostas construtivas para nossos problemas.
O mundo está promovendo mudanças radicais há mais de 25 anos. Todos os trabalhos humanos em atividades repetitivas estão sendo, serão ou já foram substituídos por máquinas, programas de softwares e uso de inteligência artificial, inclusive nas atividades do setor público.
Entre os trabalhos de natureza não repetitiva, destacamos as atividades de saúde, de turismo, entretenimento, alimentação, e de educação contínua, desde o berço até o falecimento.
Fábricas, escritórios e áreas agrícolas, onde haviam milhões de trabalhadores, hoje operam com poucos colaboradores, com custos menores e aumento de produção, qualidade e de produtividade.
Os países mais adiantados na aceitação de mudanças incorporam automação, conhecimentos e inteligência artificial. Todos apresentam baixos índices de desempregos e alto desempenho de produtividade e de geração de riqueza.
Citamos oito países com crescimento médio acima de 5% nos últimos cinco anos; Etiópia, Turquia, Bangladesh, China, Vietnam, Filipinas e Paquistão compreendendo 47% da população mundial. A carga tributária média dos países acima é 20% do PIB. A maioria dos países no mundo têm cargas tributárias menores do que 26%.
Temos muitos problemas e desafios. As nossas legislações trabalhista, previdenciária e fiscal precisam ser modernizadas, enxugadas e atualizadas. Sem simplificações e redução drástica de encargos fiscais e trabalhistas estamos condenando nosso País para permanecer na pobreza.
A maioria dos países com taxas elevadas de emprego têm algo em comum: legislação trabalhista simples, facilidade na contratação, retenção e demissão.
Os encargos trabalhistas são mais leves e simples de serem administrados. Lá fora, raramente há fóruns trabalhistas, e nunca um número elevado de contingências trabalhistas, com a utilização intensa de advogados trabalhistas.
Segundo se noticia, aqui há mais de 100 mil advogados trabalhistas, um recorde mundial. Lá fora, o foco é a geração de riqueza e de trabalhos, distante de burocracia, intermediários, e controles onerosos criados pelos legisladores e administrados pelo governo federal.
Aqui o foco do governo e de legisladores é sempre de controlar, tributar e multar cada vez mais os empregadores de 34,7 milhões de pessoas na economia formal do setor privado.
As leis trabalhistas datam de 1943. Desde então, vem aumentado regulamentações e exigências trabalhistas e previdenciárias junto aos empregadores do setor privado.
Hoje a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, tem mais de 900 artigos – um cardápio de oportunidades para empregar advogados, burocratas e fazer contencioso, todos distantes de geração de riquezas e de empregos produtivos.
Milhões de empregadores descobrirão nos próximos dois anos a complexidade para cumprir todas as exigências previdenciárias, trabalhistas e fiscais, agora em transição para controles eletrônicos, centralizados pelo governo federal em Brasília, implantados sem as discussões e aprovações formais no Congresso Nacional.
Para tudo há prazos para cumprir e ritos de comunicações tempestivas de envios de folhas de pagamento mensais, contratações, desligamentos, horas extras individualizados, bancos de horas, aumentos de salários, férias, exames médicos, acidentes, etc., para o governo federal.
A burocracia absorvida pelas empresas maiores será agora repassada e exigida das pequenas e microempresas, incluindo, pasmem, até de empregadores de domésticas.
A última reforma trabalhista de 2017 é modernizante, mas insuficiente para animar a criação de milhões de novos empregos. O ideal seria enxugar e simplificar a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, harmonizando com as melhores legislações do mundo, que efetivamente estimulam empregos.
Exceto alguns países ricos da Europa, lá fora a maioria opta pela simplicidade de contratação, retenção e leveza de encargos trabalhistas.
Fora do Brasil, a remuneração sobe ou desce em função do crescimento e encolhimento real da economia, e dos movimentos de oferta e procura de empregos. Na fartura todos ganham, e na escassez, todos contraem. O nosso governo há 25 anos só sabe aumentar seus gastos.
Nestas eleições de 2018 ninguém está debatendo e discutindo o óbvio: propostas para criar mais empregos e promover a restauração da autoestima de todos.
Nem ao menos discutindo e propondo a redução geral de impostos e de burocracia para o setor privado, que é responsável pela geração de riquezas e empregos.
Boas soluções podem vir de nossos aprendizados do próprio Brasil. Quando o Presidente Juscelino Kubitschek – JK, em 1956, e o Presidente Castelo Branco, em 1964 assumiram a presidência o nosso País estava num desânimo semelhante ao atual.
Qual é a diferença do Brasil de 1956/60 e de 1964/74 comparados com 2018? São muitas, a saber: no passado havia ambições, objetivos audaciosos e empolgantes para a sociedade, com visões claras e equilibradas para o futuro.
Nos períodos de crescimento exponencial, a burocracia e os impostos para empregados e empregadores eram baixas. E nossas legislações bem menos complexas e enxutas. Naquela época havia poucos advogados, fórum trabalhistas, processos judiciais de qualquer natureza, etc.
Hoje os encargos trabalhistas do empregador para o setor privado são de 29,1%, enquanto na média mundial é de 13,8%, Ásia 14,3%, Europa 15,80%, América Latina 13,8% e América do Norte 7,5%.
Para o empregador no Brasil, há encargos de fundo para indenizações de 8% mensais, administrado pelas agentes do governo, 13º salário obrigatório, férias de 30 dias, disponibilização de berçário, vale transporte, salário família, cesta básica, etc.
O Estado ficou inchado a partir de 1994, com incremento substancial do tamanho e custos do executivo, legislativo e judiciário, principalmente no nível federal.
As cargas tributárias sobre os produtos internos brutos - PIBs vêm crescendo para sustentar o inchaço crescente do Estado. Na gestão JK (1956 a 1960) era de 17%, na gestão militar dura (1964 a 1974) de 16% a 25%, na gestão FHC a partir do Plano Real em 1994 de 27% para 32% e nas gestões 2003 a 2018 de Lula, Dilma e Temer, de 32% a 35%, sempre com déficits e crescimento de nossas dívidas.
Está na hora de abrir os olhos para mudar esse quadro e agir! Precisamos logo de dezenas de milhões de empregos dignos em atividades geradoras de valor. Precisamos de mais empreendedores e empregos e menos encargos.