CONEXÕES ACADÊMICAS
Temas emergentes na visão dos Profissionais da Contabilidade
Conteúdo:
Data: 22/fevereiro/2024
Horário: 16h as 17h30
Local: Ao Vivo no Youtube
Palestrantes:
Ahmad Abu Islaim
Contador formado pela Universidade de São Paulo, com mais de 15 de anos de experiência em grupos multinacionais de grande porte de diversos segmentos, tais como empresas de auditoria externa (Big four), indústria e varejo (KPMG, Grupo Unigel, Grupo Carrefour, CVC e Klabin).
Ricardo Tresso Marcolino
Foi gerente de auditoria independente pela KPMG e possui experiências em empresas de grande porte como Gerente executivo da Controladoria. Também é membro de conselho fiscal. Possu9i a graduação em Administração e em Ciências Contábeis, ambos pela FECAP-Fundação Álvares Penteado.
Moderação: Acadêmico da APC Flávio Riberi
APC e CRCSP abordam os desafios da reforma tributária
Mais de 1.500 pessoas participaram ao vivo, nesta manhã, 14 de agosto de 2024, da palestra "Reforma Tributária - Novos Desafios Profissionais", ministrada pelos Acadêmicos da Academia Paulista da Contabilidade-APC, Miguel Silva e Nelson Machado.
O evento, que é uma ação conjunta da APC e do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo-CRCSP, teve a moderação do profissional contábil Renato Prone Teixeira da Silva, conselheiro do CRCSP, e o objetivo de manter os profissionais, estudantes e empresários da Contabilidade totalmente informados sobre o tramitar e as novidades da legislação tributária do País.
Sobre os palestrantes:
Miguel Silva, um dos articulares do texto da reforma tributária, é diretor técnico da SABERPLAY, Plataforma de Treinamento Empresarial, advogado e contabilista, especializado em Direito Empresarial e autor de renomadas obras que versam sobre legislação e direito empresarial, entre outras atividades.
Já, Nelson Machado, que também deu sua contribuição para a formação do novo texto tributário e acompanha de perto o seu tramitar, tem sólida formação em Direito, desenvolveu habilidades essenciais em compliance e legislação tributária, tornando-se uma referência na área em todo o País.
Conteúdos abordados
Os palestrantes abordaram os impactos da reforma tributária nas práticas contábeis e na gestão das empresas, enfatizando os principais obstáculos que virão pela frente com a reforma tributária, entre eles a necessidade de atualização e adaptação às novas regras.
Miguel Silva insistiu na importância do conhecimento profundo sobre a legislação vigente, bem como na necessidade de um olhar crítico sobre as mudanças que estão por vir. Ele apresentou estudos de caso e cenários reais, permitindo aos participantes entenderem como a reforma irá afetar diretamente as operações diárias das empresas.
Nelson Machado esclarece o conceito da não-cumulatividade Nelson Machado, por sua vez, que iniciou a atividade da APC e do CRCSP, trouxe uma perspectiva mais técnica, discutindo as nuances da legislação tributária e como a conformidade pode ser garantida em um ambiente em constante mudança. Ele destacou que a integração entre as áreas contábil e jurídica é fundamental para o sucesso nas transições tributárias e a prevenção de problemas legais. A importância de fomentar uma cultura organizacional voltada para a conformidade tributária foi um dos pontos altos de sua apresentação.
"A reforma tributária do imposto sobre o consumo, depois de 30 anos de debate, avançou muito. Nós tivemos a aprovação da Emenda Constitucional nº 132 no ano passado, depois tivemos um trabalho intenso para construir a proposta de regulamentação, através de lei complementar, que foi aprovado na Câmara e agora está no Senado. A expectativa é que até o fim do ano o PL nº 68/2024 esteja aprovado dando assim condições para que se inicie a reforma efetivamente", explicou Nelson Machado.
Na sequência, comentando a respeito do impacto que a reforma terá na sociedade brasileira, Machado destacou a operação do conceito da não-cumulatividade. "Um dos grandes problemas do nosso sistema tributário hoje é que ele, apesar de a Lei do ICMS dizer que as operações anteriores dão crédito para a segunda e que esse crédito, por se tratar de exportação, será devolvido, as empresas reclamam - com razão que jamais veem a cor desse dinheiro no ressarcimento".
Então, segundo ele, esse cenário acaba gerando uma não-cumulatividade do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços. A consequência é a redução da competitividade dos negócios brasileiros, sobretudo da indústria. A reforma tributária, por sua vez, vem com um objetivo claro: eliminar a cumulatividade de tributos frutos de produção. "Agora, para eliminar não basta dizer 'é preciso devolver o saldo credor'. Isso, inclusive, já está escrito para o PIS, Cofins, ICMS e, verdadeiramente, não acontece".
Sem dúvida, na visão de Nelson Machado, o modelo atual vem gerando há anos uma série de distorções financeiras, prejudicando a competitividade das empresas brasileiras aqui e no mercado internacional. A reforma tributária proposta busca, entre outras coisas, simplificar esses processos e garantir que os créditos sejam efetivamente repassados, evitando que as empresas fiquem à mercê de um sistema que não cumpre suas promessas. Além disso, ele considerou que a implementação da não-cumulatividade poderia oferecer uma maior previsibilidade para os gestores financeiros, permitindo um melhor planejamento e otimização dos recursos. Com uma legislação mais clara e efetiva, as empresas teriam um ambiente mais favorável para investimentos, resultando na possibilidade de geração de empregos e crescimento sustentável. Outro ponto por ele ressaltado foi a necessidade de uma comunicação transparente entre o fisco e os contribuintes. Muitas vezes, a falta de clareza nas normas e procedimentos gera insegurança jurídica, dificultando o cumprimento das obrigações tributárias. Uma abordagem mais colaborativa poderá facilitar o entendimento das regras por parte das empresas, e também promover um clima de confiança que é fundamental para o desenvolvimento econômico.
Miguel Silva apresenta estudo sobre o split payment
Miguel Silva, por sua vez, apresentou ao público, detalhadamente, como será o novo sistema tributário sobre o consumo, destacando o split payment, que se refere ao pagamento parcelado. Essencialmente, essa expressão indica um modelo de pagamento fracionado, onde o montante pago por um comprador é automaticamente dividido entre o vendedor e as autoridades fiscais no momento da transação.
"Esse sistema visa assegurar que a parte correspondente aos impostos seja transferida diretamente ao governo, reduzindo, assim, as possibilidades de evasão fiscal. Além disso, o split payment tornará a arrecadação de tributos mais eficaz", pontuou Miguel Silva. "Entretanto, estamos falando de um sistema que impactará diretamente a forma como os serviços contábeis serão prestados. A implementação desse modelo de pagamento pode gerar incertezas quanto à gestão do fluxo de caixa, uma vez que os recebimentos podem ocorrer em diferentes momentos. Isso exige um planejamento financeiro rigoroso para garantir que as despesas operacionais sejam cobertas", comentou o especialista.
Além disso, a adaptação à nova estrutura de pagamentos pode exigir atualização nos sistemas contábeis e de gestão financeira, o que envolve custos adicionais e treinamento da equipe. A necessidade de garantir a conformidade com regulamentos e legislações locais também pode trazer complexidade ao processo de split payment, adicionando mais um nível de responsabilidade aos contadores.
Outro ponto a ser considerado, segundo o tributarista, é a relação com os clientes. Neste sentido, a transparência na comunicação sobre como funciona o split payment e seus benefícios se torna crucial, principalmente para mitigar qualquer resistência que os clientes possam ter em adotar essa prática. “É importante que os profissionais contábeis expliquem como isso pode levar a uma maior segurança nas transações e, consequentemente, a uma operação mais eficiente”, comentou Miguel Silva.
Além disso, a implementação do split payment pode exigir alterações nos contratos e acordos de prestação de serviços, o que demanda atenção para garantir que todas as partes estejam cientes e de acordo com as novas condições. Com o avanço das tecnologias, também surge a necessidade de estar atualizado sobre as opções disponíveis que possam facilitar a gestão desse modelo de pagamento, como plataformas digitais que oferecem relatórios e análises em tempo real.
Público participa ativamente
Ao longo da palestra, foram apresentados diversos comentários e perguntas do público, que refletiam as preocupações reais enfrentadas pelos profissionais e empresários contábeis. Os Acadêmicos responderam com exemplos práticos e ofereceram diretrizes que podem ser aplicadas no cotidiano, reforçando que o diálogo contínuo entre contadores, advogados e empresários é vital para navegar pelas complexidades da nova legislação tributária brasileira. Além disso, a palestra incluiu uma seção sobre as oportunidades que podem surgir com a reforma, como a possibilidade de simplificação de processos e o aumento da competitividade no mercado. Os palestrantes encorajaram os participantes a enxergar a reforma como uma chance de inovar e melhorar a eficiência de suas práticas contábeis. A interação foi um aspecto chave do evento, proporcionando um rico intercâmbio de ideias entre os tributaristas e os presentes à live, que se mostraram ansiosos para implementar as informações em suas rotinas profissionais. Ao final, os mais de 1500 participantes ativos deixaram claro que a busca por capacitação contínua e a participação ativa em eventos como esse são essenciais para o crescimento e a adaptação no campo da Contabilidade. Muitos comentários elogiosos aos palestrantes e cumprimentos aos realizadores do evento, CRCSP e ACP, foram manifestos pelos presentes.
Texto: Danielle Ruas
Edição: Lenilde Plá de León
De León Comunicações